Quem já tem música nos serviços de download e streaming sabe que, depois de enviar todos os arquivos pro distribuidor, ainda leva alguns dias (às vezes, semanas) até que as faixas estejam disponíveis para audição.
Cada serviço tem um tempo pra colocar o disco no ar. Pela nossa experiência, percebemos a Deezer como a primeira no quesito rapidez, seguida das lojas Amazon e iTunes/Apple Music. O Spotify demora mais e sempre é um dos últimos a liberar as músicas. =(
Bom, segundo semestre tá aí, e, se você está preparando um lançamento para até o fim do ano, é bom ficar ligado nas datas. A OneRPM, distribuidora bem legal com escritório no Brasil, divulgou uma bela tabela com os deadlines. Se liga aí e mãos à obra!
Chegou um email lindo aqui na nossa caixa de entrada: o edital Natura Musical termina sexta-feira agora, 24, e eles perguntaram a cinco especialistas em música brasileira que já selecionaram projetos contemplados o que chama a atenção deles.
Primeiro, quem são:
Dj Zé Pedro, pesquisador de música brasileira e fundador do selo Joia Moderna
Alexandre Matias, jornalista e criador do Trabalho Sujo (www.trabalhosujo.com.br)
Rafael Rocha, editor da Noize (www.noize.com.br)
Titane, cantora mineira
Edvaldo Rocha, pesquisador paraense
Os especialistas fizeram parte das comissões de 2015 e 2014, que contemplaram artistas maravilhosos como Tulipa Ruiz e O Terno. Segue a entrevista, cheia de dicas de ouro pra melhorar seu projeto:
O que procurava nos projetos? DJ Zé Pedro: “Diferença. Projetos ou artistas que se parecessem (muito)com outros eu não considerava.” Alexandre Matias: “Originalidade e referências próximas aos projetos que pudesse conhecer ou reconhecer. Nesse sentido, uma comissão plural é crucial para esse projeto, pois os julgadores comentam os trabalhos que os outros não conhecem.” Rafael Rocha: “Procurava originalidade, representatividade com o cenário e cultura brasileira. Sempre busquei projetos que acrescentassem artisticamente, e que de fato necessitavam do apoio proposto pela Natura.” Titane: “Consistência musical e personalidade artística, em primeiro lugar. Uma certa “independência criativa” do “músico/cantor/compositor, mesmo que sua produção esteja/estivesse inserida no contexto de sua geração.Uma excelência artística individual, no caso de intérpretes/autores que integram comunidades onde culturas tradicionais ainda apresentam grande vitalidade.” Edvaldo Souza: “Projetos que tenham boa circulação, legitimidades, resgates de obras e interações.”
Que detalhes dos projetos chamam mais sua atenção? DJ Zé Pedro: “Acima de tudo personalidade, algo que me atraísse como único.” Alexandre Matias: “Muita gente dá atenção à forma de apresentação do projeto e acaba inscrevendo projetos como “turnê” ou “disco de carreira”. Vejo a possibilidade de um edital desses como uma forma de bancar um projeto de coração, que possa fugir da carreira tradicional do artista.” Rafael Rocha: “Quando uma história era bem contada, os argumentos válidos (principalmente para legado), todos nós (especialistas) concordávamos. O áudio que vinha junto e o material em anexo, assim como o que há do artista e projeto na web, sempre foram muito fundamentais. Titane: “Além da consistência, personalidade e independência criativa, a eficiência cênica dos artistas ao se apresentarem em público.” Edvaldo Souza: “A continuidade e compromisso com a sua obra, interação entre artistas das diversas regiões do país.”
O que pesava mais nas suas indicações? DJ Zé Pedro: “Principalmente se era a primeira vez que pedia o patrocínio da Natura e se o valor estava dentro da realidade do mercado.” Alexandre Matias: “Um trabalho consistente que tivesse a ver com uma proposta própria. Muita gente inscreve trabalhos pensando só na viabilidade comercial ou em alguma forma de agradar à comissão julgadora – e isso torna-se muito claro na hora em que você está avaliando os projetos. O edital é uma oportunidade para o artista se expressar plenamente, não apenas de conseguir dinheiro.” Rafael Rocha: “A relevância artística para a cultura e o valor dele na soma das categorias” Titane: “Capacidade de projeção corporal, preenchimento de cena, desenvoltura no palco.Atenção: não me refiro aqui a timidez ou extroversão, mas a expressividade, domínio de sua própria linguagem e controle do discurso estético, musical, que pretende realizar.” Edvaldo Souza: “A circulação e formação de parcerias entre os projetos analisados.”
O regulamento e todas as informações para inscrição estão disponíveis no portal www.naturamusical.com.br
Depois de árduos ensaios, reais e mais reais investidos em equipamento e fins de semana e feriados dedicados à sua banda, chegou a hora de entrar no estúdio para gravar. Mas será que vocês estão prontos para aproveitar esse momento ao máximo? Confira essas 5 dicas para obter o melhor resultado e sair dessa com um discão, que você só vai ter orgulho de divulgar.
1. Ensaie para gravar
E ensaie muito. Aquele ensaiozinho uma vez por semana ajuda a manter a banda no ritmo, sem criar ferrugem, mas não é suficiente se a ideia é chegar no estúdio e fazer um grande registro. As músicas precisam estar na ponta dos dedos dos integrantes. Isso vale para todas as partes e todos os instrumentos. Ir para a gravação com segurança do que vai tocar faz a banda (e o estúdio) ganhar tempo para experimentações, pesquisa de timbres e outros benefícios que uma boa organização traz.
2. Ensaie mais – e com metrônomo
Algo que ajuda a dar peso a uma gravação é a banda inteira tocando precisamente no tempo. Quando isso não acontece, o material soa frouxo e faz com que o ouvinte se distraia, percebendo que há algo fora do lugar, mesmo sem saber exatamente o quê. Um bom baterista é fundamental pra manter a banda no andamento, mas é importante que todos consigam tocar individualmente sem flutuar demais. Uma maneira de desenvolver coletivamente essa habilidade é ensaiar com metrônomo. Hoje existem vários aplicativos de metrônomo para smartphone. Quando chegar no estúdio de ensaio, basta ligar a saída de áudio do celular na mesa de som e mandar o click para as caixas. Num primeiro momento vai parecer irritante (e é mesmo!), mas rapidamente ele se torna imperceptível e passa a fazer parte do som – depois de poucos ensaios, a diferença na performance da banda vai ser imensa.
3. Arranjos: faça seu dever de casa
O estúdio é um ambiente bastante propício ao surgimento de novas ideias. Mas é essencial que a banda já chegue pronta, com o arranjo básico da música fechado e todos os músicos sabendo exatamente o que fazer. Se o arranjo já funciona, a música praticamente se mixa sozinha – o trabalho do estúdio e do produtor vai ser dar aquele empurrão para o resultado ser melhor ainda.
4. Mantenha os instrumentos em dia Guitarras e baixos desregulados, com problemas de afinação, ruídos na parte elétrica e com cordas velhas só vão atrapalhar o seu trabalho e o de quem estiver com você nessa jornada. Manutenção não é algo barato, mas lançar um material que deixou a desejar por causa de equipamentos em mau estado sai mais caro ainda. Sem falar que ter o instrumento em dia é essencial também para tocar ao vivo. A dica não vale apenas para instrumentos de corda. Bateristas precisam investir em peles novas periodicamente (trocar para gravar é uma ótima ideia) e em ferragens silenciosas, que não fiquem rangendo durante a captação. Instrumentos de sopro e tudo o mais que você imaginar também precisam estar em plenas condições de afinação e sonoridade.
5. Escolha sabiamente as participações especiais Quando uma banda entra em estúdio, pode ser tentador incluir instrumentos e músicos que não fazem parte do projeto. Como é um momento de euforia, de empolgação, é normal querer incluir amigos e ex-integrantes para participar do registro. Mas muita calma nessa hora! Convidar pessoas que não respiram esse projeto como você pode resultar – e muitas vezes resulta – em performances aquém das demais. O que é muito lógico. Ora, você e seus companheiros de banda estão há meses (ou anos!) ensaiando, quebrando a cabeça com arranjos, investindo tempo e dinheiro para conseguir o melhor resultado no disco, enquanto pro seu amigo que está chegando agora tudo é pura diversão. Dificilmente ele irá se dedicar tanto quanto você para algo de que não faz parte. Para ele, são algumas horas de um dia de folga participando no disco dos amigos. Para você, é um trabalho que exige seriedade e comprometimento de todos os envolvidos. Se a ideia é incluir instrumentos extras para adicionar um ar de sofisticação à produção, músicos profissionais podem ser uma escolha melhor. Sem falar que, se o seu amigo tocar mal, fica chato tirar, né?